domingo, 28 de agosto de 2011

Comer, Rezar e Amar: O "japamala" e o filme


Convertida ao hinduísmo, a técnica da meditação mântrica conquistou a atriz ganhadora do Oscar Julia Roberts. Especialista no assunto e na prática do japa mala, o professor de yoga Giridhari Das explica como utilizar o rosário de 108 contas que inspirou o filme e o livro Comer, Rezar, Amar. 

Reportagem de Harlley Alvez – Mtb 36.959
Com revista Elle Internacional e site huffingtonpost.com





Crédito: www.huffingtonpost.com

DO SÂNSCRITO JAPA (repetição) MALA (cordão). Esse objeto antigo de devoção espiritual, conhecido também como rosário de orações no ocidente conquistou Julia Roberts, a atriz ganhadora do Oscar, por Erin Brockovich, e que afirma ser hindu. Roberts decidiu continuar sua jornada espiritual mesmo depois de terminadas as filmagens de Comer, Rezar, Amar. O filme, inspirado no livro de memórias de Elizabeth Gilbert, conta a história de uma mulher divorciada frustrada que decide fazer uma longa viagem para o exterior em busca do prazer de comer (Itália), o encontrar da devoção (Índia) e o reencontro com o amor, com um brasileiro em Bali. Convertida ao hinduísmo - com direito a aplicar tilaka na testa de seus filhos. Segundo a imprensa americana, um pastor hindu teria batizado seus dois gêmeos Hazel e Phinnaeus, com os nomes das deidades Lakshmi e Ganesha, enquanto Henry foi chamado de Krishna Balarama, o irmão do Senhor Krishna. A tilaka é uma marca considerada muito auspiciosa, feita na testa com uma pasta formada por sândalo e outros elementos, e utilizada nas diversas variações do hinduísmo.

Não é de hoje que a Índia produz em todo o mundo uma fascinação ímpar. Suas cores, sabores, sua gente, cultura e história nos leva a uma viagem mística, diferente de tudo o que costumamos vivenciar.
Conheça aqui as técnicas do japa mala, o rosário indiano utilizado por Julia Roberts e que inspirou o livro Comer, Rezar, Amar: um instrumento de oração para cantar, entoar ou orar.
A religião-filosofia do Hare Krishna, embasada nas sagradas escrituras indianas, os Vedas, leva o cantar dos nomes de Deus com seríssima importância, tendo esse como a melhor maneira de se conectar com o Divino.

E é com o poder da palavra falada que o livro Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert, tornou-se um best-seller. Narrando sua jornada espiritual e amorosa, a autora descreve suas aventuras em Bali, Itália e Índia, tendo o universo dos ashrams hindus grande importância na trama. Na busca de um guru para lhe ensinar o caminho da devoção, Liz aprende mantras, posições de yoga e divide seu livro em 108 capítulos, o número de contas do japa mala, o terço indiano, no qual o professor de yoga Giridhari Das é especialista.

Liz conta 109 capítulos, pois acrescenta a bolinha inicial que começa o rosário, que indica ao meditador que ele completou uma volta. “Falamos cantar, mas o verbo correto é ‘entoar’. Foi uma tradução errônea do Inglês chant”, corrige o professor de yoga.

Giridhari Das explica que o objetivo da meditação mântrica, técnica ensinada no livro, é apenas ouvir seu cantar. “Tente não pensar em mais nada, nem mesmo em assuntos de natureza transcendental.”

“Cantar japa atentamente não é fácil, mas deve ser seu objetivo constante. Sempre que sua mente lhe arrastar para qualquer outro assunto enquanto canta japa (o que vai acontecer muito!), traga-a de volta aos santos nomes. Nunca desanime. Mesmo o cantar desatento é extremamente poderoso”, incentiva o professor, outrora economista, e que agora tem os ensinamentos do yoga, como a cultura de sua vida.

Utilizado tanto no budismo, como hinduísmo e hare krishna, o japa mala, dizem muitos, é capaz de levar a mente a um estado em que os problemas desaparecem. Isso porque ele é uma ferramenta importante no processo de meditação mântrica, a prática central de meditação da espiritualidade oriental, especialmente Indiana.

Você é capaz de desenvolver grande foco, introspecção, clareza mental e paz com esse método musical de meditar. Com tempo e, aliando a prática de japa com outros aspectos da autorrealização espiritual, chegará a ter experiências místicas, cantando os mantras, como é relatado por Liz, no livro que chegou aos cinemas brasileiros em outubro.

"Cante o maha-mantra e seja feliz", brinca Giridhari. Não custa tentar! É de graça!
Qualquer um pode entoar (cantar) o maha-mantra: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.

Para começar, você pode simplesmente repetir o mantra ou cantá-lo seguindo a melodia que preferir. Não há regras rígidas para o cantar dos santos nomes. O importante é pronunciar claramente e ouvir atentamente o som. Quanto mais cantar e ouvir os santos nomes, mas sentirá o efeito purificador do maha-mantra.

Você pode também entoar o mantra suavemente para si mesmo, de forma contínua. Esse tipo de prática é chamada de japa e normalmente é feita com a ajuda de um rosário de 108 contas, chamado japa mala. Para cada conta, canta-se um vez o mantra. 108 contas cantadas é “uma volta”.

Devotos iniciados da ISKCON, a principal senda do Movimento Hare Krishna no mundo, fazem um voto de cantar no mínimo 16 voltas por dia. Muitas pessoas consideram as primeiras horas do dia, antes mesmo do sol nascer, como sendo os mais agradáveis para essa prática.

Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare | Hare Rama Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.

As 16 palavras, cantadas a um ritmo de 6-12 segundos por estrofe, são repetidas 1.728 vezes, todos os dias, por aqueles que já são experts nessa arte.

Não precisa fazer todos logo de início, o importante é começar, reservando assim alguns momentos do dia para se concentrar na presença de Deus que habita em você.

Diferentes escolas indicam diferentes mantras. Seguindo sua tradição centenária, Giridhari Das recomenda o maha-mantra (grande mantra) Hare Krishna, que derruba obstáculos e traz a sensação de bem-aventurança para o coração.

Veja mais instruções sobre como cantar japa:
1. Segure o japa (rosário com 108 contas) na mão direita. Se você não tiver acesso a um japa mala pode até mesmo utilizar um barbante com 108 nós.

2. Mantenha o japa entre os dedos polegar e médio, na primeira conta depois da principal.

3. Passe suavemente para a conta seguinte, à medida que entoa o maha-mantra: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. Pode fazer bem baixinho, de forma que apenas você consiga ouvir, ou pode fazer mais alto, conforme preferir ou for conveniente.

4. Passe para a conta seguinte e cante novamente o maha-mantra. Em seguida, passe para a próxima e repita o processo, assim por diante.

5. Ao chegar à última conta antes da principal (que não é cantada), vire a japa e continue a cantar, começando com a conta na qual você terminou a volta (uma volta tem 108 contas).

Embora não existam regras fixas e inflexíveis para cantar os santos nomes de Deus, apresentamos adiante algumas dicas que podem ajudá-lo neste processo:
  • Cante com sentimento, como se você fosse uma criança clamando pela presença da sua mãe.
  • Cante com nitidez, ouvindo cada sílaba e fixando a mente no som do maha-mantra.
  • Cante sem interrupções, como um rio fluindo para o oceano.
  • Cantar bem cedo, antes mesmo do sol nascer, é recomendável.
Sentirá como é mais fácil fixar sua mente nos santos nomes nesses horários. Também, por ser a prática mais importante do seu dia, é bom dar prioridade a isso, antes que as exigências do dia lhe roubem todo seu tempo.

O objetivo, além de desenvolver a capacidade respiratória, é direcionar a energia sutil (prana) para os diversos chakras. São indicados não só para pessoas que apresentam dificuldade no aparelho respiratório, mas também para indivíduos com problemas no sistema nervoso (como depressão, fadiga, ansiedade e insônia) ou, simplesmente, para os que querem acalmar os pensamentos e as emoções.
Não se esqueça de rezar 

Roberts, que foi criada como católica, mas é uma hindu praticante, disse que o filme lhe ofereceu uma chance de tirar suas próprias experiências, mas disse que estava interessada no Hinduísmo antes de ter lido as memórias de Liz e que não converteu por conta do filme.

Na revista Elle americana, Julia Roberts conta que agora ela e sua família vão juntas ao templo para cantar, rezar e celebrar. “Eu definitivamente sou uma praticante hindu”, disse ela à revista. Você pode escolher não comer ou amar. Mas não se esqueça de rezar. Faça disso parte da sua vida. Foi o conselho que Julia Roberts trouxe dos gurus da Índia.

Em Comer, Rezar, Amar, após a conquista de Liz pelo equilíbrio entre o material e o devocional surge o amor. Ainda assim, todos os dias, segundo trama, Liz faz meditação indiana quando acorda, e meditação balinesa para dormir. Com ela praticar a meditação mântrica deu certo. Não custa tentar também.

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